sexta-feira, 21 de setembro de 2012

As Seis Virtudes Gloriosas



 
Como a Sabedoria Permite Agir Corretamente 

Robert Crosbie
 
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Este  texto foi traduzido do livro “The
 Friendly Philosopher”, de Robert Crosbie,
Theosophy Company, Los Angeles, EUA, 1945,
416 pp.  Trata-se da Carta Vinte e Seis, da seção
“The Spirit in the Body”, às pp. 78-81 da obra.
 
Robert Crosbie fundou a Loja Unida de Teosofistas
(LUT) em 1909. A LUT é hoje uma rede informal de
estudantes de teosofia e existe  em cerca de 15 países.
 
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“Tente; tente; permaneça tentando sempre.” 
 
“A compreensão é resultado de uma concentração nas coisas que devem ser compreendidas”. 
 
Para quem obedece a tais recomendações, vindas Daqueles Que Sabem, haverá um constante progresso.  Os altos e baixos continuarão existindo, de acordo com a oscilação do pêndulo, ou, mais precisamente, de acordo com a volta da espiral. Conhecendo a lei da ação, podemos seguir adiante, quer estejamos no ponto mais alto ou no ponto mais baixo do ciclo. Á medida que o tempo passa e a atitude correta é mantida, estaremos cada vez menos sujeitos às oscilações.
 
Seria desencorajador compreender desde o início o esforço contínuo que é necessário;  mas à medida que a grandeza da tarefa que assumimos se torna mais e mais evidente,  nós chegamos à situação representada pelas seis virtudes gloriosas, que é a de ser intrinsecamente incapaz de desviar do caminho correto.
 
No passado nós produzimos, ou criamos pelo pensamento  e reforçamos pela ação, numerosos  seres elementais [1] da natureza de Prakritti [2]. Enquanto o nosso pensamento está de acordo com as naturezas desses elementais, não há grande conflito; mas quando nossos pensamentos deixam de dar sustentação a eles, começa a luta pela vida, e ela deve continuar até que esses seres criados por nós morram, ou sejam tão transformados que não causem mais obstáculos.  Há então um novo Manvantara no nosso pequeno sistema solar [3], “um espírito-guia” que governa, controla,   ou afasta todas as entidades ligadas à velha evolução, de acordo com a nota-chave da nova evolução.  Assim, no estado concreto da velha,  e no estado nebuloso da nova, temos que passar pelas Rondas preparatórias. A Grande Natureza repete sua ação de acordo com a Lei,  assim no pequeno como no grande.
 
Quanto ao “trabalho mais difícil de reconciliação”,  que cabe a você nesta questão de H______ :  você deve lembrar que eu  disse em uma carta recente que queria que você se mantivesse em contato com os vários acontecimentos, de modo que pudesse observar a evolução das coisas – e ver quais são os resultados quando se usam certos métodos baseados em princípios, porque tudo isso traz lições objetivas.
 
Em primeiro lugar, não há possibilidade de um erro de avaliação; a regra deve ser “não julgue nadacomo se fossem questões pessoais”. Quanto às idéias deles, a  capacidade que eles tenham de compreender um conjunto implica uma capacidade de outros tipos.  Se eles têm  concepções erradas e são sensíveis à razão, as suas concepções erradas podem ser razoavelmente avaliadas por seus méritos – em si mesmas, primeiro,  e depois na sua relação com outras concepções. Em tudo isso, deve-se procurar primeiro os     pontos em que há concordância – todos eles; na verdade, deve-se mostrar uma  disposição de concordar. Em nenhum momento deve ser assumida, ou sentida,  uma disposição opositora – nem deve ser expressada ou colocada implicitamente uma superioridade de conhecimento.  Se houver oposição, ainda que seja em pensamento,  surge uma contra-oposição e o objetivo de esclarecer não é alcançado. Naturalmente, nada disso nos impede de ver as coisas como são, ou de deixar a porta bastante aberta para que outros vejam o que estamos fazendo.
 
Nosso trabalho ocorre entre pessoas cujas idéias estão em  forte oposição  ao que nós conhecemos como verdade. Temos que fazer frente às idéias à medida que as  encontramos, e colocá-las na direção que nós sabemos.  Essa é uma situação diferente de uma palestra sobre Teosofia, onde estamos fazendo uma exposição para que outros possam ficar sabendo o que ela é.
 
Um dos frutos da sabedoria é a capacidade  – até certo ponto, pelo menos  –  de fazer a coisa certa, no momento certo e no lugar certo.  O objetivo de toda a ação correta é ajudar outros,  que vemos e que sabemos que não estão corretos.  Nossa visão e nosso conhecimento da sua situação atual nos dão indicações sobre o tipo e o modo da ajuda.  Se os considerarmos incapazes, não poderemos dar-lhes ajuda alguma.  Por isso, nós não julgamos, mas, assim como o Sol e a Natureza, tratamos a todos de igual maneira  –  brilhamos para todos, trabalhamos por todos, sem levar em conta as idéias que alimentam atualmente, ou as aparentes qualificações de cada um.  Essa tem sido a trajetória de todos os grandes Instrutores.   Eles vêm “não para chamar os santos, mas para chamar os pecadores ao arrependimento.”  Todos têm tido os seus Judas, mas mesmo os Judas têm tido as suas oportunidades, como os outros; mesmo eles são intrinsecamente perfeitos, e, sendo dotados de livre arbítrio,  podemaproveitar a oportunidade.  O hino cristão que diz que “enquanto a chama está acesa,  até o mais vil pecador pode recuperar-se” –   expressa uma verdade; assim, o que é que existe de real em  tudo o que depende de julgamentos mortais?    “Nada”, acho que você irá dizer, quando considerar a questão na sua dimensão mais ampla, e à luz do Carma, que traz oportunidades tanto para dar como para receber.
 
Não há pretensão de virtude, ou de conhecimento pessoal,  no ato de dizer para benefício dos outros o que nós percebemos como bom para eles. Mas uma pretensão, e até mesmo um pensamento sobre virtude pessoal, prejudica,  porque é pessoal.  As percepções do eu superior neste plano ficam limitadas por esse tipo de coisa.
 
“Teu corpo não é o ser,  teu Ser,  em si mesmo, é  sem corpo, não é alcançado nem por elogios nem por acusações.”
 
“A libertação mental da escravidão através da cessação do pecado e dos erros não é algo para os “Eus-Devas” (os ‘eus’ reencarnantes). Isso é afirmado pela ‘Doutrina do Coração’.”
 
“O Dharma do ‘Coração’ é a  corporificação de Bodhi (Sabedoria Verdadeira, Divina), o que é Permanente e Eterno.”
 
“Viver para ajudar a humanidade é o primeiro passo. Praticar as seis virtudes gloriosas é o segundo.”
 
As seis virtudes gloriosas são:
 
UM  - “Sama.”  Consiste em obter perfeito controle sobre a mente (a sede das emoções e desejos), e em forçar a mente a agir sob o comando do intelecto, que já terá sido fortalecido pela obtenção de  –
 
( I ) “Correto conhecimento do real e do irreal” ( correta filosofia ).
 
( II ) “Perfeita indiferença aos frutos das suas ações,  tanto nessa vida como depois dela” ( renúncia aos frutos das ações ).
 
DOIS - “Dama.” Completo controle sobre os atos do corpo.
 
TRÊS - “Uparati”. Renúncia a toda religião formal,  e ser capaz de contemplar os objetos sem ser perturbado em nada durante a realização da grande  tarefa que assumiu como sua.
 
QUATRO - “Titiksha.”  Cessação  do desejo e uma constante disposição para abrir mão de qualquer coisa no mundo.
 
CINCO - “Samadana”. Aquilo que torna o estudante intrinsecamente incapaz de desviar-se do caminho correto.
 
SEIS - “Shradda”.  Confiança implícita da parte do aprendiz no poder do seu Mestre de ensinar,  e em  seu próprio poder de aprender.
 
SETE -  Mais uma, a última realização requerida, é um intenso desejo de libertação da existência condicionada, e de poder transformar-se na Vida Una.
 
Embora alguns desses itens possam estar além do nosso alcance, nós podemos “avançar” na direção deles, e nós sabemos que a prática traz o aperfeiçoamento.
 
Bem, devo parar agora e mando a você o melhor que  tenho, com afeto.
 
Como sempre,  R. C. 
 
 
NOTAS:
 
[1] Elementais  -- os espíritos dos elementos (ar, fogo, terra, água); seres sutis que reforçam os hábitos e influenciam de várias maneiras o comportamento humano. Para a tradição esotérica,  têm uma certa inteligência. Podem  ser benéficos ou maléficos. O estudante da sabedoria divina aprende a dominá-los ao invés de obedecer-lhes.  (NT)
 
[2] Prakritti -  (Sânscrito) Matéria, mundo material. (NT)
 
[3] Manvantara é um período de manifestação de um Universo ou de um Sistema Solar. O autor faz aqui uma analogia entre o ser humano e o sistema  solar do qual ele é uma miniatura.  (NT)

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