terça-feira, 14 de agosto de 2012

Boletim O TEOSOFISTA, Agosto 2012

Caros Amigos e Irmãos:  Estamos distribuindo em Anexo, em Word, em nome de  www.FilosofiaEsoterica.com  e seus websites associados,  a edição deste mês do boletim eletrônico  O TEOSOFISTA. Em nota, os editores informam:


A edição de agosto abre com um texto sobre a busca do equilíbrio no caminho  que leva o peregrino para o alto. Nas páginas 4 e 5, um texto ácido do escritor brasileiro clássico Lima Barreto questiona a universidade brasileira. A edição prossegue com uma nota sobre um filme dedicado à vida do escritor Leon Tolstoi,  um breve exame da ideia de Almas Gêmeas do ponto de vista teosófico, e um estudo da obra “Luz no Caminho” sobre o que ocorre quando uma alma espiritualmente experiente “deixa de derramar lágrimas”. Além disso,  “O TEOSOFISTA” reproduz a visão “de voo de pássaro” de Helena Blavatsky sobre o movimento esotérico moderno, e, para encerrar, a lista de novos títulos em nossos websites.

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A reprodução de “O TEOSOFISTA” é livre, uma vez que seja feita na íntegra e seja citada a sua fonte, o website  www.FilosofiaEsoterica.com.

Convidamos nossos leitores a visitarem os sites   www.TeosofiaOriginal.com  e  www.VislumbresdaOutraMargem.com .  Os interessados em um estudo diário da filosofia esotérica original devem escrever a  lutbr@terra.com.br ,  perguntando como é possível acompanhar o trabalho do e-grupo  SerAtento.   

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Boletim O TEOSOFISTA, Agosto 2012

O Teosofista
Notas e Informações Sobre Teosofia e o Movimento Esotérico

O Boletim Mensal do Website www.FilosofiaEsoterica.com

Ano VI - Número 63 - Edição de Agosto de 2012
 FacebookFilosofiaEsoterica.com. Email: lutbr@terra.com.br
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“Nenhum ser humano deseja a luz que ilumina
a alma não-espacial, enquanto a dor, o sofrimento e o
desespero não o arrancaram da vida da humanidade comum.”
(Luz no Caminho)

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A Busca do Equilíbrio
A Vida Como um Campo de Aprendizado

Joaquim Soares



 Uma Paisagem dos Himalaias, em quadro de Nicholas Roerich


Os picos nevados erguem-se no horizonte de todo caminhante destemido. Alcançá-los é a meta de cada peregrino. Eles representam o ponto de equilíbrio entre o céu a terra, o lugar da paz.

Não são os caminhos atapetados de verde e cobertos de flores que levam o estudante montanha acima. Estes apenas circulam o vale, e o mantêm confinado a horizontes limitados. Para prosseguir em direção ao ideal vislumbrado o caminhante precisa escolher corajosamente aquele caminho estreito e rochoso, o único que verdadeiramente se dirige para o alto. 

Disposto a seguir adiante a qualquer custo, o estudante dá os primeiros passos e aprende que são as dificuldades do trajeto que o tornarão mais forte e mais sábio e que são as pedras no caminho que lhe mostrarão as suas debilidades a serem vencidas. Por isso, as dificuldades e os testes, ao invés de serem motivo de desânimo, surgem no coração do aprendiz como um estímulo e uma garantia de que está no caminho certo. O caminho não é fácil, mas todo o universo trabalha a seu favor, desde que o ideal permaneça elevado, o coração puro, e a atenção desperta.

A vida passa a ser vista como um vasto campo de aprendizado e, frequentemente, as maiores lições e oportunidades de crescimento surgem nas aparentes insignificâncias da vida quotidiana. Ele vai desenvolvendo o seu discernimento e vai aprendendo sobre o valor das coisas realmente importantes.

Apesar dos erros e das quedas ele se ergue uma vez após outra, e prossegue, internamente alegre por seguir a voz da sua consciência.

Há um pequeno verso no Dhammapada que ensina o seguinte:

“Quem faz  canais de irrigação conduz as águas.  Os flecheiros dão forma às flechas. Os carpinteiros dão forma à madeira. Os sábios disciplinam a si mesmos.” [1] 

Aquele que persiste, sem nunca desistir, no esforço do “autoconhecimento, autocontrole e auto-respeito”, prossegue confiante no fato de que a vitória o espera.

Examinar as nossas intenções profundas, avaliar os desafios diante de nós e as nossas forças, planejar e avançar com bom senso, procurar desperdiçar cada vez menos energia e agir construtivamente, são fatores decisivos. Nada disto é instantâneo, como nada o é no caminho verdadeiro, mas sempre pequenas aproximações e conquistas vão sendo alcançadas.

Há dimensões da caminhada e do aprendizado que merecem nossa reflexão contínua. Todo ensinamento autêntico encerra mais do que um significado. À medida que caminhamos e vamos vivenciando o ensinamento, a nossa compreensão aumenta, e vamos, aos poucos, penetrando nos seus níveis mais profundos - não sem que essa compreensão seja testada no campo probatório da vida.

O que começa por ser uma compreensão intelectual, a seu tempo e dependendo do esforço e do ritmo de cada um, passa a ser uma compreensão vivencial. Várias vezes parecerá que já compreendemos o que nos é ensinado, até que as circunstâncias da vida, o modo e a perspectiva que adotamos diante dos dilemas da existência nos mostram que há muito a aprender ainda.

Por outro lado, às vezes nos sentimos colocados diante de posições contraditórias. Compreender e resolver as contradições é algo fundamental no percurso de cada aspirante ao discipulado.

Como diz HPB, “o paradoxo parece ser a linguagem natural do Ocultismo”.

“O caminho se faz ao andar ”, diz o poeta. No seu texto “O Grande Paradoxo”, H.P. Blavatsky  escreve:

“Os paradoxos do ocultismo devem ser vividos, não falados apenas. Aqui reside um grande perigo, porque é muito fácil perder-se na contemplação intelectual do caminho, e assim esquecer-se de que a estrada só pode ser conhecida quando se caminha por ela.” [2]

No mesmo texto, HPB diz que logo no início do caminho o estudante é confrontado com um dilema sério:

“Ele aprende que o alfa e o ômega, o começo e o final da vida é altruísmo; e ele sente a verdade da afirmação de que somente na profunda inconsciência do auto-esquecimento a verdade e a realidade do ser podem revelar-se ao seu coração sedento. O estudante aprende que esta é a lei única do ocultismo, ao mesmo tempo a ciência e a arte do viver, o guia para a meta que ele deseja alcançar.”

Ao percorrer o caminho nos é dito que precisamos aprender a conciliar o auto-esquecimento com a atenção ao nosso eu exterior. Este aparente paradoxo, que encerra uma equação importante a ser resolvida por todo o aprendiz, é assim descrito por HPB:

“[E]le descobre que seus instrutores não encorajam seus voos ardentes de sentimento, seu anseio pelo Infinito que o faz esquecer de tudo - no plano externo e factual de sua vida e sua consciência. Pelo menos, se não eliminam seu entusiasmo, eles lhe apontam, como primeira e indispensável tarefa, vencer e controlar seu corpo.”

Em vez de ser convidado a viver no meio do incenso e das ilusões de alturas diáfanas, o verdadeiro instrutor, ou o ensinamento autêntico, dirige a atenção do aspirante para o momento presente, para a importância de cada pensamento, sentimento e ação.

HPB comenta:

“Toda a sua atenção e vigilância são requeridas no plano exterior; ele não deve nunca se esquecer de si mesmo, nunca descuidar de seu corpo, sua mente, seu cérebro. Ele deve aprender a controlar a expressão de cada detalhe, verificar a ação de cada músculo, dominar o mais leve movimento involuntário. A vida diária à sua volta e dentro dele mesmo é assinalada como objeto do seu estudo e da sua observação.”

Por outro lado, o estudante sabe interiormente o que está presente no ensinamento: que só o desapego e o auto-esquecimento em prol de um trabalho e esforço altruísta lhe permitem escapar do perigo que se oculta no orgulho e egoísmo espiritual.

NOTAS:

[1]  “O Dhammapada”,  Capítulo  Seis, versículo 5. A obra completa constitui uma seção temática independente em  www.FilosofiaEsoterica.com .

[2] “O Grande Paradoxo”, artigo de H. P. Blavatsky que pode ser encontrado na Lista de Textos por Ordem Alfabética em www.FilosofiaEsoterica.com .


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A Universidade no Brasil

Superstição Doutoral Produz Estagnação Mental

Lima Barreto

Affonso Lima Barreto (1881-1922)

Nota dos Editores:

Reproduzimos a seguir trechos de um artigo publicado pela primeira vez no Rio de Janeiro em 1920 e reproduzido em 1953 no volume “Feiras e Mafuás”, de Lima Barreto, Editora Mérito, São Paulo e Rio de Janeiro, pp. 109-112.

O valor do texto não está na ideia irônica de combater a universidade brasileira em si. Neste ponto Lima Barreto exagerou: a Universidade deve ser valorizada e fortalecida.  O artigo é válido no século 21 devido à sua crítica aos aspectos negativos da universidade atual. Entre eles está a falta de um estímulo suficientemente forte ao pensamento independente e criativo, circunstância que gera uma epidemia de diplomas de faz-de-conta.  

A franqueza radical com que escreve Lima Barreto é um exercício de liberdade criativa: o pensador profundo questiona tudo, e a universidade deve ser um espaço de questionamento e auto-questionamento.

A ortografia foi atualizada. Em dois ou três casos, palavras hoje em desuso foram substituídas por termos atuais. Título original do texto: “A Universidade”. Omissões de trechos de pouco interesse são assinaladas por reticências colocadas entre parênteses.

A Universidade no Brasil – Lima Barreto

Voltam os jornais a falar que é intenção do atual governo criar nesta cidade uma Universidade. Não se sabe bem por que e a que ordem de necessidades vem atender semelhante criação. Não é novo o propósito e de quando em quando, ele surge nas folhas, sem que nada o justifique e sem que venha remediar o mal profundo do nosso chamado ensino superior.

Recordação da Idade Média, a Universidade só pode ser compreendida naquele tempo de reduzida atividade técnica e científica, a ponto de,  nos cursos de suas vetustas instituições de ensino, entrar no estudo de música e creio mesmo a simples aritmética.

Não é possível, hoje, aqui no Brasil, onde essa tradição universitária chegou tão diluída, criar semelhante coisa que não obedece ao espírito do nosso tempo

(.....)

O intuito dos propugnadores dessa criação é dotar-nos com um aparelho decorativo, suntuoso, naturalmente destinado a fornecer ao grande mundo festividades brilhantes de colação de grau e sessões solenes.

Nada mais parece que seja o intuito da  construção da nossa Universidade. (.....) O ensino primário tem inúmeros defeitos, o secundário maiores, mas o superior, sendo o menos útil e o mais aparatoso, tem o defeito essencial de criar ignorantes com privilégios marcados em lei, o que não acontece com os dois outros.

Esses privilégios (.....) fazem que as escolas superiores fiquem cheias de uma porção de rapazes, alguns às vêzes mesmo inteligentes, que, não tendo nenhuma vocação para as profissões em que simulam estar, só têm em vista fazer exame, passar nos anos, obter diplomas, seja como for, a fim de conseguirem boas colocações no mandarinato nacional e ficarem cercados do ingênuo respeito com que o povo tolo cerca o doutor.

(.....)

A nossa superstição doutoral admite abusos que, bem examinados, são de fazer rir. (.....) Um estudo nesse sentido exigiria um trabalho minucioso de exame de textos de leis e regulamentos que está acima da minha paciência; mas era bom que alguém tentasse fazê-lo, para mostrar que a doutomania não foi criada pelo povo, nem pela avalanche de estudantes que enche as nossas escolas superiores; mas pelos dirigentes, às vêzes secundários, que a fim de satisfazer preconceitos e imposições de amizade, foram pouco a pouco ampliando os direitos exclusivos do doutor.

Ainda mais. Um dos males decorrentes desta superstição doutoral está na ruindade e na estagnação mental do nosso professorado superior e secundário. (.....) Para que exemplificar? Tudo isto é muito sabido e basta que se fale em geral, para que a indicação de um mal geral não venha a aparecer como despeito e ataque pessoal.

A Universidade, coisa sobremodo obsoleta, não vem curar o mal do nosso ensino que viu passar todo um século de grandes descobertas e especulações mentais de tôda a sorte, sem trazer, por qualquer dos que o versavam, um quinhão por mínimo que fôsse.

O caminho é outro; é a emulação.   

(13 de Março de 1920)

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Cinema Discute Leon Tolstoi
“A Última Estação” Mostra o Dilema Final do Escritor Russo



O DVD de “A Última Estação”


O filme “A Última Estação”, que conta com bom elenco, foi bem dirigido e fácil de obter em locadoras ou através do website da Livraria Cultura, narra o último ano de vida Leon Tolstoi. Discípulo leigo dos Mestres de Sabedoria, considerado um teosofista por H. P. Blavatsky, Tolstoi é um dos maiores clássicos da literatura de todos os tempos.

Embora não haja muito de filosófico no filme, alguns elementos estão presentes. O mérito maior da história está em retratar o exemplo de vida de Tolstoi, mostrando aspectos nítidos da sua proposta de ação comunitária. São abordados os desafios e provações familiares que ocorrem com alguma frequência entre buscadores sinceros da sabedoria universal. Também mostra suas dificuldades com o governo czarista, e faz uma boa reconstituição histórica.

Descontadas as inevitáveis concessões para a viabilização do filme como evento comercial, na forma de superficialidades, eis aí um filme eficiente e uma obra de arte a ser vista com interesse pelos leitores de H. P. Blavatsky. É um retrato, vívido ainda que parcial, do que havia de melhor na Rússia e no mundo cerca de cem anos atrás. É uma fotografia do povo russo, em que nasceu Helena Blavatsky, e um estudo desconcertante sobre o paradoxo que há entre o eu superior e o eu inferior. Tolstoi morreu enfrentando o conflito pessoal entre o ideal universalista e superior da vida comunitária e o amor e o apego às riquezas materiais e aos laços de família.  

As Almas Gêmeas e a Teosofia

Pergunta:

Fala-se muito hoje em “almas gêmeas”. O que a teosofia tem a dizer a respeito?

Comentário:

O conceito de alma gêmea, tal como vem sendo usado, parece ser uma noção sobretudo emocional.  A ideia expressa a expectativa intensa, mas irrealista, de formar um casal onde não haja dificuldades de relacionamento. Ora, onde há vida, deve haver dificuldades e lições a aprender. Assim, a ideia de alma gêmea como símbolo de um relacionamento de casal em que não haja coisas a melhorar não corresponde à realidade. Todo casal é fonte de testes e lições.

Num plano mais profundo,  a ideia de alma gêmea aponta para uma harmonia, vinda de vidas anteriores, em que não há desgaste desnecessário na interação entre duas individualidades.  
Ainda assim o conceito é imperfeito, porque neste contexto a ideia de “gêmeo” parece implicar que as almas têm a mesma idade. Na esmagadora maioria dos casos,  quando predomina a harmonia na relação entre duas almas, uma delas é mais experiente que a outra. E isso ocorre também no caso de um casal, e  em qualquer outra instância de convívio, seja no plano familiar, profissional ou teosófico. A relação entre avós e netos, por exemplo, é das mais harmoniosas. 

Deste modo, a expressão alma gêmea  revela não ter uma base filosófica sólida. Ela parece indicar sobretudo a busca da harmonia nos relacionamentos, e a fantasia emocional de que “alguém será o eco gêmeo das minhas aspirações”. 

Isso não existe.  Cada alma é única.  Uma alma imortal tem o seu próprio carma e dharma, e eles são  irrepetíveis.  A responsabilidade diante da vida é individual.  A harmonia interna (não externa) deve ser buscada com todas as esferas da vida e em relação a todos os seres, e não em relação a um ser apenas. A filosofia esotérica é uma filosofia de amor à vida. No casal, a felicidade é profunda quando ambos se colocam criativamente a serviço da vida, e, neste processo, geram mais vida.

Cabe observar, ainda, que em “A Doutrina Secreta” H. P. Blavatsky revela o simbolismo esotérico do signo zodiacal de Gêmeos. Um dos gêmeos é o eu superior, ou alma imortal. O outro é o eu inferior, ou alma emocional.

A Visão de um Pássaro em Voo

 
  
Em 1888, H. P. Blavatsky escreveu uma carta para William Judge contando sobre uma “visão do alto” que havia tido sobre o movimento teosófico, com ajuda do seu mestre.  

Robert Crosbie reproduz as palavras exatas de H. P. B. em seu livro “The Friendly Philosopher”: 

“Antes de ontem, à noite, foi-me dada uma visão de pássaro em voo  sobre as Sociedades Teosóficas. Vi uns poucos teosofistas confiáveis em uma luta de vida ou morte com o mundo em geral, e com outros ― nominalmente  teosofistas,  mas  ambiciosos. Os teosofistas confiáveis eram mais numerosos do que você pode pensar, e eles venceram, assim como vocês na América vencerão, se permanecerem leais ao programa de ação do Mestre e verdadeiros para consigo mesmos”. [1]

Por essa descrição da cena do movimento, fica claro que ele é um campo de testes e de treinamento, onde luzes e sombras se combinam e misturam o tempo todo. Portanto, é melhor, mais honesto e mais saudável poder falar abertamente disso, ao invés de fingir que tudo é feito de harmonia e essências de rosas.

NOTA: 
 [1] “The Friendly Philosopher”, Robert Crosbie,  Theosophy Co., Los Angeles, 1945, 415 pp., ver p. 389.

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O texto acima foi reproduzido da edição de julho de 2007 de “O Teosofista”.

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Ser Incapaz de Derramar Lágrimas
Quando o Indivíduo Transcende Prazer e Dor

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O Teosofista” começou a tradução seriada
de “Luz no Caminho” em sua edição de agosto
de 2011. Interrompida nas edições de junho e
julho de 2012, a série é retomada agora. O trecho
a seguir está nas pp. 34-39 da edição original em
inglês de “Light on the Path”, M. C., Theosophy
Company, Los Angeles. Prossegue agora o comentário
sobre o primeiro Aforismo da obra, que diz: “Antes que
os olhos possam ver, eles devem ser incapazes de lágrimas.”

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A todos aqueles que estão seriamente interessados em Ocultismo, eu digo, em primeiro lugar: “obtenham conhecimento”. A aquele que tem, lhe será dado. É inútil esperar pelo conhecimento. O círculo do Tempo se fechará diante de você e em tempos futuros você ficará sem poder nascer e sem força. Digo, portanto, aos que têm fome ou sede de conhecimento: “prestem atenção a estas regras”. 

Nenhuma delas foi criada ou inventada por mim. Elas são apenas a expressão de leis da natureza superior. Elas colocam em palavras verdades que são tão absolutas em suas próprias esferas quanto as leis que governam a conduta da Terra e da sua atmosfera.

Os sentidos de que se fala nestas quatro afirmativas [1] são os sentidos astrais, ou internos.

Nenhum ser humano deseja a luz que ilumina a alma não-espacial, enquanto a dor, o sofrimento e o desespero não o arrancaram da vida da humanidade comum. Primeiro é o prazer que se esgota; depois, a dor é vivida até que ela chega ao fim; então os seus olhos se tornam finalmente incapazes de lágrimas.

O que se segue é óbvio, embora eu saiba muito bem que será recebido com um desmentido veemente por muitos que estão em simpatia com ideias surgidas da vida interna. O ato de ver com o sentido da vista astral é uma forma de atividade inicialmente de difícil compreensão para nós. O cientista sabe que um milagre é realizado cada vez que uma criança nasce no mundo, desenvolve a visão através dos olhos e consegue comandá-la através do cérebro. Um milagre equivalente acontece com cada um dos sentidos, sem dúvida; mas este controle da visão talvez seja o esforço mais estupendo. A criança o faz quase inconscientemente, pela força hereditária do hábito. Ninguém é consciente, na vida adulta, de que alguma vez o tenha feito. Do mesmo modo, não podemos lembrar os movimentos que nos permitiram, por exemplo, subir uma montanha, um ano atrás. Isso decorre do fato de que nós nos movimentamos, vivemos e temos o nosso ser na matéria. Nosso conhecimento a respeito do mundo material se tornou intuitivo.

O que acontece com a nossa vida astral é muito diferente. Desde há longas eras o ser humano tem dado muito pouca atenção a ela; tão pouca atenção que praticamente perdeu o uso dos sentidos astrais. É verdade que em cada civilização a estrela brilha de novo e o ser humano confessa, de modo mais ou menos tolo e confuso, que tem consciência de existir. Mas com muita frequência ele nega o fato. E, ao ser materialista, o ser humano se torna algo estranho, um ser que não pode ver a sua própria luz. Ele passa a ser uma coisa viva que não quer viver, um animal astral que tem olhos, e ouvidos, e a fala, e energia, e no entanto não quer usar nenhum destes dons. Este é um fato. O hábito da ignorância está tão estabelecido que atualmente ninguém vê com a visão interna enquanto o sofrimento não fez com que os olhos físicos sejam incapazes de ver, e enquanto ele não fez com que o olhos estejam destituídos de lágrimas, a umidade da vida.

Ser incapaz de derramar lágrimas é ter enfrentado e vencido a simples natureza humana, e ter alcançado um equilíbrio que não pode ser abalado por emoções pessoais. Isso não implica nenhuma dureza ou indiferença de coração. O fato não significa que não haja dor, como acontece quando a alma que sofre parece não ter mais forças para sofrer intensamente; não significa que haja a insensibilidade típica da velhice, quando a emoção se torna entorpecida porque as cordas que vibram com ela estão gastas. Nenhuma destas condições é adequada para um discípulo, e se qualquer uma delas existir nele, ela terá que ser superada antes que ele possa ingressar no caminho. A dureza de coração é uma característica do homem egoísta, do egocêntrico, para quem o portal está sempre fechado. A indiferença é patrimônio do tolo e do falso filósofo. A indecisão os torna simples marionetes, por que não têm a força necessária para encarar as realidades da existência. Quando se desgasta a intensidade maior da dor e do sofrimento, o resultado é uma letargia semelhante àquela que acompanha a idade avançada, tal como na experiência usual de homens e mulheres. Uma situação como esta torna impossível o ingresso no caminho, porque nele o primeiro passo é difícil e só pode ser dado por um indivíduo forte, cheio de vigor psíquico e físico.   

É verdade que, como disse Edgar Allan Poe, os olhos são as janelas da alma; as janelas do palácio mal assombrado no qual ela vive. Esta é a expressão mais próxima possível, em linguagem comum, do significado do texto. Se a aflição, o desânimo, a decepção ou o prazer podem abalar a alma fazendo-a perder o contato com o calmo espírito que a inspira e derramando a umidade da vida, e mergulhando o conhecimento na sensação, então tudo fica confuso, as janelas são escurecidas e a luz se torna inútil. Isso é tão literalmente verdadeiro quanto o fato de que se um homem estiver na beira de um precipício e perder sua calma devido a alguma forte emoção, certamente cairá. O equilíbrio do corpo, deve ser preservado, não só em lugares perigosos, mas também em solo firme, e com toda a ajuda que a Natureza nos dá através da lei da gravidade.

O mesmo ocorre com a alma; ela é o elo entre o corpo externo e o espírito brilhante como uma estrela que está mais além. A centelha divina existe no espaço estável em que nenhuma convulsão da Natureza pode sacudir o ar; e isso ocorre sempre. Mas alma pode perder o seu contato com este espaço, e pode perder o seu conhecimento disso, apesar de estes dois fatores serem parte de um único todo; e é pela emoção, pela sensação, que este contato é perdido.

Experimentar prazer ou dor causa uma vibração intensa que é, para a consciência do ser humano, vida. Esta sensibilidade não diminui quando o discípulo começa o auto-treinamento; ela aumenta. Este é o primeiro teste para a sua força. Ele deve sofrer, desfrutar ou suportar mais agudamente que os outros seres humanos, ao mesmo tempo que escolheu para si um dever que não existe para os outros, o dever de não deixar que o sofrimento o afaste do seu propósito firme. 

Na verdade, já no primeiro passo ele deve tomar as rédeas de si mesmo e colocar-se um limite: e só ele pode fazer isso.


NOTA:

[1] O presente fragmento faz parte do comentário ao primeiro dos quatro aforismos iniciais da Parte I de “Luz no Caminho”.

Novos Textos em FilosofiaEsoterica.com       

Este é o relatório de   www.FilosofiaEsoterica.com  e  websites associados, válido para 13 de agosto.

O total de textos e áudios em língua portuguesa é de 667 itens. Em inglês, são 368.  Em espanhol, 29. O conjunto dos três idiomas soma 1064 itens.

Lista de textos novos colocados nos websites associados, no período entre 8 de julho e 13 de agosto de 2012:

(Textos mais recentes acima)

1) Filosofia de Vida e Estabilidade - Robert Crosbie
2) The Real H. P. Blavatsky - William Kingsland
3) The Teachings of Plato - Alexander Wilder
4) Life and Writings of John Garrigues - Carlos Cardoso Aveline
5) The Hour of Need - John Garrigues
6) A Motivação Correta - John Garrigues
7) The Right Motive - John Garrigues
8) Paz, Conflito e Fraternidade - Carlos Cardoso Aveline
9) Between the Lines - John Garrigues
10) The First Step To Take - John Garrigues
11) Auto-Sacrifício Traz Felicidade? - Carlos Cardoso Aveline
12) A Book of Quotations - Robert Crosbie
13) Faith in God Is a Superstition - A Mahatma of the Himalayas
14) La Fuerza de un Compromiso Sagrado - Carlos Cardoso Aveline
15) Onze Aforismos da Tradição Judaica - Carlos Cardoso Aveline
16) A Força de Um Compromisso Sagrado - Carlos Cardoso Aveline
17) The Aquarian Theosophist, July 2012
18) A Arte da Estratégia - Carlos Cardoso Aveline
19) A Essência do Movimento Teosófico - Carlos Cardoso Aveline
20) O Espírito da Revolução Farroupilha - J. P. Coelho de Souza
21) Self-Contentment in Theosophy - The Theosophical Movement
22) The Yoga Aphorisms of Patanjali - William Q. Judge
23) Sabedoria, Felicidade e Contentamento - The Theosophical Movement
24) A Teosofia na Origem do Rio Grande - Carlos Cardoso Aveline
25) Two Schools of Occultism - A Mahatma of the Himalayas
26) Os Teosofistas Podem Reunificar-se? - The Theosophical Movement
27) The Etheric Double? - Geoffrey A. Farthing
28) A Borboleta, Símbolo da Alma - Carlos Cardoso Aveline
29) Boletim O TEOSOFISTA, Julho de 2012
30) Transcending Organized Delusion - Carlos Cardoso Aveline


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O Teosofista 
Notas e Informações Sobre Teosofia e o Movimento Esotérico
Ano VI, Número 63, Agosto de 2012. O Teosofista é o boletim eletrônico mensal do website  www.FilosofiaEsoterica.com .  Entre em contato com os editores e faça perguntas e sugestões pelo e-mail: lutbr@terra.com.br .

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Em 13 de agosto de 2012 19:32, Régis Alves de Souza <realso.sc@gmail.com> escreveu:
 
Caros Amigos e Irmãos:  Estamos distribuindo em Anexo, em Word, em nome de  www.FilosofiaEsoterica.com  e seus websites associados,  a edição deste mês do boletim eletrônico  O TEOSOFISTA

Em nota, os editores informam:

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A edição de agosto abre com um texto sobre a busca do equilíbrio no caminho  que leva o peregrino para o alto. Nas páginas 4 e 5, um texto ácido do escritor brasileiro clássico Lima Barreto questiona a universidade brasileira. A edição prossegue com uma nota sobre um filme dedicado à vida do escritor Leon Tolstoi,  um breve exame da ideia de Almas Gêmeas do ponto de vista teosófico, e um estudo da obra “Luz no Caminho” sobre o que ocorre quando uma alma espiritualmente experiente “deixa de derramar lágrimas”. Além disso,  “O TEOSOFISTA” reproduz a visão “de voo de pássaro” de Helena Blavatsky sobre o movimento esotérico moderno, e, para encerrar, a lista de novos títulos em nossos websites.

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