Alguns Aspectos da Caminhada Espiritual
Carlos Cardoso Aveline
Parece haver quatro momentos ou aspectos
na caminhada espiritual; e eles são, em parte, simultâneos.
Quando o indivíduo descobre o seu potencial sagrado e tem uma primeira
visão do seu verdadeiro eu, ele se encontra com a essência da sabedoria divina.
Ele tem um vislumbre da filosofia esotérica e olha no espelho mágico do seu
desenvolvimento futuro. É o primeiro momento da
caminhada.
Então surge a segunda etapa, e o mundo externo perde o interesse para
ele. O cidadão pensa:
“Quanto mais eu percebo o aspecto imortal e profundo do meu
próprio ser e do universo, mais fica sem vida e sem sentido o mundo
externo convencional.”
Como conseqüência da tensão criadora provocada por este dilema, o
aprendiz chega a um terceiro momento. Agora ele passa a reduzir, gradualmente, sua relação
com o mundo externo. Neste processo
ele pratica a renúncia e a simplicidade. Esta é uma conseqüência
natural da sensação anterior de “perda de sentido” do mundo exterior.
O estudante simplifica sua vida externa pouco a pouco. Ele aprende a
aproveitar as oportunidades de simplicidade que a vida sempre punha a seu
redor, mas que raramente reconhecia. Na verdade, ele passa a “ver”
as oportunidades porque agora está preparado para aceitar a simplicidade.
Ele aceita o ato de “parecer nada aos olhos dos outros”. Ele percebe que
a busca de aplauso ou medo da reprovação de outras pessoas já é uma ilusão
desnecessária.
Finalmente, surge a quarta etapa. Agora o mundo externo ganha um novo sentido diante dele. A
sua presença ativa no mundo se expande outra vez. Desta vez,
porém, isso ocorre seletivamente, com
base na simplicidade e a partir da sua consciência autentica e interior.
Estes quatro momentos são aparentemente sucessivos.
Primeiro, uma visão clara do seu potencial divino. Depois, uma sensação de
“perda de sentido” dos velhos compromissos com o mundo externo. Em seguida, uma
simplificação, passo a passo, da sua vida externa e pessoal. E finalmente, surgem um novo sentido para a
vida e um impulso renovado para estar presente no mundo com força e
criatividade.
Há uma certa simultaneidade nas quatro etapas. Os
diferentes momentos existem ao mesmo tempo. O que se desdobra sucessivamente é
a predominância de um e de outro.
É preciso avançar em cada um dos quatro fatores, incessantemente, ao
longo da caminhada teosófica. Há um esvaziamento gradual do que é externo,
e uma intensidade crescente do que é interior.
Isso não ocorre sem crises.
É a intensidade e a profundidade do primeiro momento de despertar e da
visão do potencial sagrado que dão a força e a confiança para que o
indivíduo atravesse o segundo e o terceiro momentos, isto é, a sensação
de perda de sentido do mundo externo e a simplificação
prática da vida pessoal. Isso permite chegar ao quarto momento,
a volta da primavera, que traz um
novo tipo de motivação e entusiasmo.
Em alguns casos, a pessoa que está na primeira etapa pode achar que as
etapas dois e três são muito difíceis. Quando isso ocorre, o estudante deve
concentrar-se decididamente na primeira etapa, do estudo e da visão.
Chegará o momento em que a percepção do potencial sagrado irá “descer”
sobre vida diária tão naturalmente como um orvalho. Uma visão clara da teosofia
deve anteceder, até certo ponto, a ação correta; e toda visão correta
requer estudo e reflexão.
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O texto acima foi publicado pela primeira vez sem indicação de nome de
autor na edição de junho de 2008 de “O
Teosofista”. A coleção completa de “O
Teosofista” constitui uma seção independente no website
www.FilosofiaEsoterica.com .
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trabalho do e-grupo SerAtento.
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