Cada Som e Cada Frase Têm um
Efeito de Mantra
Carlos Cardoso Aveline
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Uma versão inicial do texto a seguir foi
publicada de forma anônima no boletim
“O
Teosofista”, edição de agosto de 2008.
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Estudante
A:
Qual a real utilidade
das palavras na caminhada teosófica?
Estudante B:
As palavras são instrumentos comparáveis aos bens
materiais. Se soubermos que as palavras só são úteis a longo prazo quando bem
utilizadas, isto é, quando usadas com ética e integridade, elas serão para nós uma
parte sagrada da vida. Neste caso falaremos desde o nosso coração, e
assumiremos responsabilidade pelas nossas ações e intenções.
Mas se alguém pensa
que as palavras em si mesmas garantem alguma coisa, está enganado. Palavras não
podem substituir a substância real que elas
apenas simbolizam. Elas só têm valor e
efeito durável quando são usadas com equilíbrio e com sinceridade. Caso contrário, como se pode facilmente
observar, geram mais confusão do que comunicação entre as pessoas.
O conhecimento do uso
correto das palavras é uma das áreas do conhecimento teosófico. Quando se
avança um pouco neste campo de investigação, se chega à fronteira do tema dos Mantras.
A Ioga dos Mantras pode
ser definida como uma ciência que estuda o uso de palavras sagradas para fins
de expressão e manifestação da vida universal na alma humana.
Ela começa com a
prática do reto falar budista: é preciso dizer sempre a verdade, sem intenção
de ferir, mas por devoção à Verdade em si. Porque a Verdade não depende de nada e é válida em si mesma. A
palavra valiosa é a palavra Verdadeira.
Estudante A:
Este tema merece um
estudo cuidadoso. Onde se pode aprender mais sobre Mantras?
Estudante B:
Mantra é um som capaz
de evocar algo maior.
A percepção da
componente mântrica presente em toda palavra escrita, falada ou pensada é um
processo que surge aos poucos na consciência do estudante. Esta percepção não é
resultado do estudo deste ou daquele texto específico.
O fato de que cada
palavra é rítmica e tem uma componente mântrica se relaciona com o conceito
pitagórico de Música das Esferas. Tudo é
ritmado no universo, desde as batidas do coração até o fluxo das marés e a passagem
das sinapses e idéias no cérebro humano.
Tudo o que existe flui
e faz parte da Dança de Shiva, da Música das Esferas, do Ritmo universal que
anima desde um átomo qualquer até as estrelas reunidas no Centro da Galáxia.
Há um “batimento cardíaco”
no nosso Sol. “No início era o Verbo”, diz a Bíblia. No início era o Som. No
início, era o Mantra.
Foi um Mantra que despertou
o Universo da longa Noite de Brahma, o
pralaya, a noite do tempo, a “ordem implícita” de David Bohm. E assim surgiu um novo Dia de Brahma, o
manvântara, o tempo cronológico, a “ordem explícita”. Mas o grande está contido no pequeno: antes de
nascer, ainda um feto, a criança escuta. Quando nasce, antes de abrir os olhos,
a criança escuta.
No início, é o mantra.
No plano do uso das
palavras, sabemos que todo texto escrito tem um ritmo latente, oculto. Ainda
que o texto esteja em prosa, este ritmo é ocultamente musical.
Todo texto é
potencialmente conversacional. No fundo, ele é a transcrição de uma
conversa ou diálogo
interior e inaudível, talvez até sem palavras, que o autor mantém consigo
mesmo, ou talvez com outros seres.
Todo texto tem,
portanto, o seu alicerce na tradição oral da humanidade. Na literatura oral,
existem sempre o ritmo e uma certa melodia, e eles são usados também como uma mnemotécnica, uma maneira de
memorizar, de guardar e de não esquecer.
Daí o fato de a
literatura oral acontecer frequentemente em versos, ou seja, em mantras, especialmente
na Índia e na Grécia.
Sobre a misteriosa
Mantra Ioga, há pouco ou nada de real valor publicado, além de textos
teosóficos de pouca circulação. E não
faz sentido começar o caminho esotérico através da Mantra Ioga. O eu inferior é o Instrumento da música das
esferas. O Músico é necessariamente o eu superior. E, na primeira etapa do
aprendizado, é preciso aprender a manejar o instrumento, e a mantê-lo afinado. Esta
tarefa pertence ao eu superior ou alma espiritual.
O estudante deve trasladar
o foco central e médio da sua consciência desde o Instrumento que é o eu inferior,
até o eu superior, que tem “ouvidos para ouvir” e percebe a música do universo,
isto é, a música do Logos, do Verbo, do
Sol, do Centro da Galáxia.
Esta aprendizagem é
gradual. Ela se desdobra 24 horas do dia, durante longos anos. A cada passo ela
amplia e liberta um pouco mais a mente. Pouco a pouco, o centro da consciência
passa a ser capaz de tocar o instrumento de modo coerente, sem mais ser
arrastado por ele, desafinando cada vez
menos e corrigindo cada vez mais rapidamente os seus erros.
Estudante A:
Dura quanto tempo esta
etapa prévia do aprendizado?
Estudante B:
Em grande número de
casos, depois de algumas décadas de estudo dedicado de filosofia esotérica
clássica o ensinamento meta-verbal começa a surgir diante do estudante de modo
espontâneo. Então as palavras e os
pensamentos que ele emite passam a ganhar força crescente. O ser humano precisa alcançar o silêncio,
para então perceber a música do universo e poder emitir o seu verdadeiro Mantra.
O nível central do seu Mantra, porém, não será feito necessariamente de palavras
audíveis. O supremo som é silencioso, e um Mestre de Sabedoria escreveu [1]:
“Ousar, querer, agir e manter silêncio é o lema nosso e de todo
verdadeiro cabalista e ocultista.”
NOTA:
[1] “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, Editadas por C. Jinarajadasa, Ed.
Teosófica, Brasília, 1996, 295 pp., ver p. 241.
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Veja também os textos “A Palavra Correta” e “A Arte
de Ler”, de Carlos Cardoso Aveline. Eles podem ser facilmente localizados através
da Lista de Textos por Ordem Alfabética, em www.FilosofiaEsoterica.com .
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Visite sempre www.Filosofiaesoterica.com ,
www.TeosofiaOriginal.com e www.VislumbresdaOutraMargem.com
.
Para ter acesso a um estudo diário da teosofia original, escreva a lutbr@terra.com.br e pergunte como é possível acompanhar o
trabalho do e-grupo SerAtento.
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