terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O Casal do Futuro

 
 
O Amor Se Desdobrará Assim no

Céu Como na Terra, em Sete Dimensões
 


Carlos Cardoso Aveline






 

A energia do amor provoca a sensação de voar a dois e permite superar todo obstáculo
 

“Não é por causa do marido em si que o marido é
amado, mas é por causa da presença do Espírito Universal

na consciência do marido, que ele é amado. Não é por

causa da esposa em si que a esposa é amada, mas é por causa  
da presença do Espírito Universal na consciência da esposa, que  

ela é amada. Não é por causa dos filhos em si que os filhos  
são amados, mas é por causa da presença do Espírito Universal  

na consciência dos filhos, que eles são amados. (...)”
 
(Brihadaraniaka Upanixade)


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O vínculo fundamental e a base de toda civilização é o casal humano. É este laboratório das relações humanas que gera vida e energia. Ele produz, literalmente, os cidadãos do futuro. E, ao fazer isso, ele segue os padrões cármicos, as estruturas e os hábitos que o caracterizam em cada etapa da evolução.

Basta observar o estado do casal em uma sociedade qualquer para ver a situação em que está o processo social. Deste fato elementar surge uma conclusão prática: a construção de casais em que haja um amor verdadeiro abre espaço para a civilização da fraternidade universal que já começa a surgir.

A capacidade de amar e o conhecimento da verdade são dois fatores inseparáveis. Eles não só produzem as civilizações saudáveis, mas também as sustentam ao longo do tempo. A civilização do futuro será baseada na inteligência espiritual.
 
Nos termos de “A Doutrina Secreta”, de H. P. Blavatsky, a meta do esforço teosófico é fazer nascer a mente elevada e fraterna que caracterizará a sexta sub-raça da quinta raça-raiz. Escrevendo no século 19, a fundadora do movimento esotérico moderno afirmou que já podia ver indivíduos pioneiros antecipando a humanidade intuitiva e universalista da sexta sub-raça.
Mais de um século depois de Blavatsky, os estudantes e cidadãos de boa vontade do século 21 têm o privilégio de investigar, passo a passo, como será o casal buddhi-manásico e universal das próximas civilizações. O estudo da teosofia original permite deduzir algumas das suas características.
 
É verdade que o esforço do século 21 é probatório: não faltam testes ou desafios. Mas já é possível construir a vitória. O casal do futuro estará unido no plano do sexto princípio, Buddhi. Os eus superiores do homem e da mulher que se amam com força atuarão fundamentalmente como se fossem um; mas preservarão ao mesmo tempo um grau significativo de diferença. Assim, a unidade será dinâmica e criativa, ajudando a transformar o mundo para melhor. O amor existirá assim na terra como no céu: aquilo que foi unido no plano da alma espiritual também expressará unidade na vida concreta e palpável. Cada casal consciente será uma ponte segura entre o superior e o inferior. Combinará em si o eterno e o transitório. O homem verá a mente e o coração da mulher como partes de um templo sagrado, e a atitude será recíproca. As emoções e o corpo físico serão parte deste santuário compartilhado. Ainda que o foco prioritário do casal do futuro esteja localizado no plano do eu imortal, o amor será intenso no plano do eu inferior. O casal será setenário. Existirá simultaneamente em sete níveis de consciência e integração.
 
Haverá, nível por nível, um alinhamento entre as duas consciências. A correspondência e o paralelismo entre os sete princípios de cada um incluirá Prana, o princípio da vitalidade, e Linga-sharira, o arquétipo sutil por onde flui a energia vital. Aquilo que afetar um, afetará o outro. As auras do homem e da mulher funcionarão como se pertencessem uma à outra, e estarão em forte ressonância magnética durante as 24 horas do dia.
 
Ao serem expressados em palavras, pensamentos e sentimentos de cada um surgirão na consciência do outro de dentro para fora, e não de fora para dentro. Escutar a pessoa amada será como escutar a si mesmo - com a diferença de que frequentemente será mais agradável.

O amor e o afeto não dependerão de condições externas. O casal estará unido tanto nas marés fáceis como nas marés difíceis da vida. O fato de que o foco da vida estará situado no plano da alma imortal, onde reina o altruísmo, levará os dois a trabalhar pela causa da Humanidade.
Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. A predominância do casal sábio está por surgir no futuro próximo da evolução humana, mas essa não é a primeira vez que isso ocorre. O tempo é cíclico, e o amor do futuro já existiu no passado. O alvorecer da era de Aquário torna possível resgatar a sabedoria das eras anteriores. O amor pessoal já pode ser vivido outra vez como parte do amor universal e infinito, conforme anunciava na Índia antiga o “Brihadaraniaka Upanixade”:
“Não é por causa do marido em si que o marido é amado, mas é pela presença do Espírito Universal na consciência do marido, que ele é amado. Não é por causa da esposa em si que a esposa é amada, mas é devido à presença do Espírito Universal na consciência da esposa, que ela é amada. Não é por causa dos filhos em si que os filhos são amados; é pela presença do Espírito Universal na consciência dos filhos, que eles são amados.” [1]

Em todos os povos, nas mais variadas épocas, os membros de um casal sempre colocaram suas vidas nas mãos um do outro.
 
No futuro, homens e mulheres saberão cumprir com eficiência o dever de gerar a felicidade do ser amado, e de abster-se de gerar sofrimento.
 
A satisfação de cada um surgirá em primeiro lugar do ato de fazer o outro tão feliz quanto possível, nos diversos níveis de consciência. Em segundo lugar, a sensação de plenitude virá do ato de preservar e expandir a felicidade de quem amamos, dentro daquilo que é permitido pelas condições práticas do trabalho pelo bem da humanidade.
Cada um refletirá, como um espelho, as possibilidades mais sagradas e mais elevadas do outro. Assim, o casal reconhecerá seu afeto a dois como parte do processo maior da compaixão universal.
 
A semente do futuro germina hoje: o casal da próxima civilização já existe como experiência pioneira. Pesquisar a natureza do amor universal é uma bênção que está ao alcance das gerações atuais. A energia regeneradora do casal do futuro é um dos fatores aceleradores do despertar planetário que estamos vivendo.
 
Um Mestre de Sabedoria escreveu no século 19:
“A pureza do amor terreno purifica e prepara para a realização do Amor Divino. Imaginação humana alguma pode conceber os ideais da divindade a não ser através daquilo que lhe é familiar. Aquele que se prepara para compreender o Infinito deve compreender antes o finito.”
Em outra oportunidade, o mesmo sábio afirmou:
 
“...Onde um amor verdadeiramente espiritual busque consolidar-se através de uma união pura e permanente de duas pessoas, no sentido terreno, não há pecado nem crime aos olhos do grande Ain-Soph [2], pois esta é somente a repetição divina dos princípios Masculino e Feminino - o reflexo microcósmico da primeira condição da Criação. Diante de uma tal união os anjos bem poderão sorrir! Mas uniões como essas são raras, Irmão meu, e podem ser criadas apenas sob a sábia e amorosa supervisão da Loja (...)”.[3]
 
No futuro, este processo pioneiro será cada vez menos raro.
 
Unidos nos planos da alma eterna e da inteligência universal, o homem e a mulher não dependerão da presença física para sentir que estão juntos. A presença de cada um na aura do outro será perceptível mesmo quando estiverem geograficamente distantes. Havendo necessidade, saberão manter a relação de casal num estado “implícito” e concentrarão por um ato de vontade a sua energia recíproca no foco superior do afeto, enquanto desempenham impessoalmente os deveres propostos pelo Carma. Cessada a necessidade, eles deixarão que a energia do amor se irradie outra vez livre e criativamente. Ela se manifestará como uma versão microcósmica da luz do Sol, avançando através dos sete planos da vida e irradiando uma força benéfica na direção de todos os seres.
Um sábio oriental escreveu:
 
“A mulher não deve ser vista simplesmente como uma propriedade do homem, já que ela não foi feita apenas para seu benefício ou prazer, assim como ele não é apenas propriedade dela. Os dois devem ser compreendidos como energias iguais, que fluem por individualidades diferentes. Até a idade de sete anos, os esqueletos das meninas não diferem de forma alguma dos esqueletos dos garotos, e o osteólogo teria dificuldade em identificá-los. A missão da mulher é tornar-se a mãe dos futuros ocultistas - daqueles que nascerão sem pecado. A redenção e a salvação do mundo dependem da elevação da mulher. E enquanto a mulher não romper os laços da sua escravidão sexual, à qual tem sido sempre submetida, o mundo não terá ideia do que ela realmente é, ou do verdadeiro lugar dela na economia da natureza.”
 
E o Mestre concluiu:
 
“A luz que será derramada sobre esta questão e sobre o mundo como um todo, quando o mundo descobrir e realmente apreciar as verdades que estão na base do vasto problema do sexo, será como ‘a luz que jamais brilhou sobre o mar ou a terra’, e terá de vir aos seres humanos através do movimento teosófico. [4] Esta luz levará ao despertar da verdadeira intuição espiritual. Então o mundo terá uma raça de Buddhas e Cristos, porque a humanidade terá descoberto que os indivíduos têm dentro de si mesmos a possibilidade de gerar crianças semelhantes a Buddha - ou demônios. Quando este conhecimento vier, todas as religiões dogmáticas, e com elas os demônios, deixarão de existir.” [5]
 
As palavras acima merecem ser examinadas com atenção. Elas convidam os casais de boa vontade a investigar de modo prático e transcendente - assim no nível físico como no plano metafísico - o mistério da felicidade a dois.
Uma tal investigação é eficaz quando colocada a serviço da libertação humana. Porque a vida é um laboratório alquímico, e, nele, o casal produz um fogo criador do futuro.
 
NOTAS:
 
[1] “The Principal Upanishads”, edited by S. Radhakrishnan, The Muirhead Library of Philosophy, London: George Allen & Unwin Ltd, Fourth Impression, 1974, ver pp. 282-283.
 
[2] Ain-Soph - na tradição da Cabala, o princípio Absoluto e imanifestado.
 
[3] Cartas 18 e 19, segunda série, no volume “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, Editora Teosófica, Brasília. Veja as pp. 189 e 190.
 
[4] Movimento teosófico; no original, “Sociedade Teosófica”. A expressão se refere à Sociedade Teosófica original, que deixou de existir pouco depois da morte de H. P. Blavatsky, em 1891, devido à traição de Annie Besant e outros pseudo-esoteristas que desprezaram a ética e a verdade. Hoje, existe um movimento teosófico amplo e marcado pela diversidade.
 
[5] “The Paradoxes of the Highest Science”, de Eliphas Levi, “With Foot-Notes By a Master of the Wisdom”, Theosophical Publishing House, Adyar, Madras (Chennai), India, 1922, 172 pp., ver p. 172. Título da edição brasileira
 
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Leia também os textos “O Casal Como Centro da Civilização”, e “Transformar uma Casa num Templo”. Ambos estão disponíveis em www.FilosofiaEsoterica.com e websites associados.
 
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Texto ortiginalmente publicado em www.filosofiaesoterica.com .

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